Segurança do Flamengo revela falha em extintores no Ninho do Urubu em tragédia

Recarga de Extintores

Após mais de dois anos, um segurança que estava no Ninho do Urubu falou sobre a tragédia que vitimou dez jovens das categorias de base do Flamengo. Benedito Ferreira revelou que três extintores não funcionaram no momento do incêndio. O segurança contou ao “Fantástico”, da TV Globo, sobre o episódio.

“Quando cheguei próximo ao quarto 3, eu vi a fisionomia de um atleta. Foi quando ele quebrou a janela. E eu consegui tirar três palitos de grade e puxei. Puxei o primeiro atleta, puxei o segundo e o terceiro, que estava muito queimado. E teve mais um que não teve como tirar. Eu preferia entrar e tirar todos os garotos a estar falando aqui. Eu perderia a vida para deixar eles 10 aqui. Eu não sou herói “, disse. Benedito Ferreira seguiu com o relato e se emocionou ao falar do momento em que não conseguiu tirar um menino do contêiner.

“Teve um momento em que um garoto chegou para mim e falou: “Tio, lá atrás está cheio”. Aí bateu o desespero, de saber como ia fazer para entrar. Não tinha mais como entrar. Quando chegava atrás do contêiner, no quarto 3, eu vi os garotos, tirei dois. Me ajudaram a puxar o terceiro, que estava muito queimado. Aí eu vi que acabou… quando o teto abaixou. Quando o teto abaixou, não tinha mais como fazer. Eu sentei e fiquei olhando aquela cena. Que nunca mais saiu da minha memória. Até hoje escuto gritarem, que está ardendo, socorro. Um dos garotos, quando consegui puxar, estava muito queimado. Ele olhou para mim e disse: “Tio, não me deixa morrer”. Até hoje penso nisso”, declarou.

O funcionário relatou que tentou usar três extintores que estavam próximos do local, mas que nenhum funcionou.

“Tinham extintores que não estavam funcionando. No início eu usei um extintor de pó químico. Um garoto que estava do meu lado tentou utilizar e não funcionou. Ele tentou me passar e também não funcionou, tentei um terceiro extintor e também não funcionou”, comentou.

Atualmente, Benedito Ferreira trabalha no Museu do Flamengo, na Gávea. O segurança ficou nove meses afastado dos trabalhos e pediu para não retornar ao Ninho do Urubu.

“Hoje, fico no museu que abre às 11h. Fico até as 17h. Lá eu vejo todos os dias as 10 camisas. Toda vez que entro lá é a primeira coisa que eu olho, eu rezo, peço a Deus que eles tenham descanso, que Deus acolha eles em paz, porque foi doloroso. Poderiam ser nossos futuros ídolos e hoje estão lá em cima”, falou.

Fonte: https://www.gazetaesportiva.com/